Desigualdade racial no acesso a exames de saúde
A desigualdade racial no acesso a exames de saúde, como mamografias e ressonâncias magnéticas, tem ganhado destaque em discussões globais e locais. No Brasil, um cenário preocupante reforça a necessidade de ações efetivas para garantir equidade nos cuidados médicos, especialmente para mulheres negras.
Estatísticas alarmantes
A disparidade racial no acesso a exames preventivos, como a mamografia, é evidente. Um estudo brasileiro revelou que apenas 43,4% das mulheres negras relataram ter realizado testes de câncer de mama, contra 55,3% das mulheres brancas. Outro dado alarmante é que 24% das mulheres que fizeram mamografias no Brasil são negras, mas 47% das pacientes diagnosticadas com câncer em estágio avançado pertencem a essa comunidade, segundo o Instituto Avon.
Esses números ilustram uma lacuna significativa no acesso a diagnósticos precoces, que têm impacto direto na taxa de mortalidade. Além disso, estudos mostram que as mulheres negras têm 60% mais chances de morrer por câncer de mama do que mulheres brancas em estados como o Espírito Santo.
Obstáculos no sistema de saúde
A dificuldade de acesso a exames como mamografias e ressonâncias magnéticas está frequentemente ligada a fatores estruturais, incluindo:
Barreiras financeiras: Mulheres com menor renda enfrentam mais dificuldades para agendar e realizar exames preventivos.
Racismo institucional: A falta de equidade na alocação de recursos e atendimentos reflete discriminações presentes no sistema de saúde, como observado no SUS.
Menor escolaridade: Estudos internacionais, como o canadense citado, apontam que mulheres negras e hispânicas com níveis educacionais mais baixos têm menos acesso a exames avançados.
Esses fatores contribuem para diagnósticos tardios, dificultando o tratamento eficaz e reduzindo as chances de sobrevivência.
A importância da ressonância magnética
A ressonância magnética desempenha um papel fundamental no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama, especialmente em situações onde outros exames foram inconclusivos. É essencial, por exemplo, para o planejamento cirúrgico e para pacientes com alto risco genético. A ausência desse recurso para mulheres negras, mencionada por um médico com décadas de prática, reflete uma exclusão preocupante.
Além disso, a ressonância magnética é indispensável para garantir maior precisão em casos de tumores mais agressivos, que afetam desproporcionalmente mulheres negras.
Consequências da desigualdade
O impacto da desigualdade no acesso aos exames é evidente na alta mortalidade por câncer de mama entre mulheres negras. Além disso, a exclusão dessas mulheres de cuidados preventivos reflete um problema sistêmico que transcende a saúde, abrangendo racismo estrutural e desigualdades sociais.
Caminhos para a igualdade
Combatendo a disparidade, algumas ações urgentes incluem:
1. Educação e conscientização: Campanhas como o Outubro Rosa devem abordar a questão racial e buscar atingir comunidades vulneráveis.
2. Políticas públicas direcionadas: Programas de saúde devem priorizar o acesso igualitário a exames, focando em regiões e grupos mais afetados.
3. Treinamento e sensibilização de profissionais de saúde: É crucial que os profissionais estejam preparados para reconhecer e combater o racismo institucional no atendimento.
Conclusão
A desigualdade racial no acesso a exames de saúde não é apenas um problema de saúde pública, mas também uma questão de justiça social. Garantir que todas as mulheres, independentemente de raça ou condição socioeconômica, tenham acesso igualitário a exames vitais é um passo essencial para reverter esse cenário.
Como sociedade, temos a responsabilidade de promover ações inclusivas e resolver as desigualdades estruturais que impactam a vida de milhões de mulheres negras no Brasil. A equidade no diagnóstico e tratamento do câncer de mama é mais do que uma questão médica: é uma questão de dignidade e direitos humanos.